quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

' A moça .


Quarto fechado, bato à porta:
_Posso entrar?
Não houve resposta, mas sei...
Nele há uma moça que escreve e escreve, sonha sem parar,
Não respondendo a minha presença 
Talvez tão concentrada, não pode me ouvir ou enxergar.

Porta fechada, bonequinha palito de pano, pendurada a recepcionar,
Me atrevo e invadindo sua privacidade... a fechadura a me acobertar.

A moça sentada na cama, olha por sua imensa janela, o luar.
Relembra momentos, aprecia o agora, imagina... e suas mão escrevem a bailar.
Ouve uma canção, instrumentos suaves, que penetram a alma,
Ela parece se completar!

Após momentos de 
minutos ou horas , arrisca um levantar.
Diante de um teclado, toca como se imaginasse um lindo piano de cauda, singular,
Não tem muito talento, cometendo diversos erros,
Mas suas mãos parecem brincar,
Ela sorri, ela chora, parece se encantar!

♪♫♪♫♪


Após longas horas da noite desperta, ela vai se deitar.

E como se agora, subitamente revelasse saber de minha ousada presença,
Diz:
_Boa noite.
Fecha os olhos e adormece antes que algo eu possa falar.
Como se tudo soubesse de mim, sabia o que eu estava a pensar.
Como se estivesse em mim.
Como sendo parte de toda parte a me completar.

( Cíntira Rodrigues )

Um comentário:

  1. Por quê ninguém comentou neste?
    As rimas e a métrica dão musicalidade.
    O contraste preto-cinza-branco construído pela foto e pelas palavras em negrito no fundo branco criam atmosfera de filme noir.
    Gosto desses textos que abduzem, transportam ao limite do sonho e da realidade(?).

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