quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

As horas



Abro os meus olhos e mais uma vez me situo no universo em que habito,
Uma cortina, os raios adentrando o quarto suavemente, as mesmas fotos na parede lembrando-me de alguns dos melhores momentos vividos até aqui,
E então encorajada por todos os sonhos que movem o meu ser,
Levanto-me mais uma vez para receber,
Desfrutar, perceber e encarar,
O dia! suas breves e finitas horas,
Horas que tinem em cenários de infinitos detalhes...
E então, como quem age automaticamente, repito vários hábitos,
Do banho ao laço do sapato (se for o caso).
Nem sempre tão calma,
Às vezes correndo para cumprir o horário,
Afinal, todos temos alguns dias de atrasos.
Mas, mediante o reconhecimento de que os dias seguem certa rotina,
E de que cabe a cada um, suportar e carregar sua sina,
Ressalto eu, em minha humilde e diária reflexão,
A importância de mesmo presente se fazer ausente,
Burlar os fardos pesados das longas horas de trabalho,
Elevar frequentemente os olhos pro alto
E admirar a beleza do céu de sempre, sempre diferente,
E durante os breves passos ao ar livre, se permitir passear com o vento,
E quando enclausurado, continuar em pensamento,
Ter uma fuga em si mesmo,
Algo parecido com o "Palácio mental" do Sherlock,
Ou o castelo de Lara (Yann),
Quem sabe o país das Maravilhas, "descoberto ou criado" pela Alice,
Ou ainda, o misterioso universo "compartilhado" pelos filósofos e poetas.
Devemos redescobrir em nós, a capacidade de se maravilhar com a vida e de se encantar com a simplicidade,
Para que, assim como o Rubem, cheguemos a apreciar da sensação de que
"certos momentos (de tão belos) por mais efêmeros, justificam toda uma existência".
Caso contrário, as horas apenas seguirão sua rotina,
E cada um de nós em nossa sina,
Até que a cortina se feche bloqueando toda e qualquer luz e beleza.

Cíntira's Castle


Quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015, 12:13h

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